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Bom até para crianças
Ao contrário do esperado, a aceitação do Linux entre alunos do Colégio Stella foi um verdadeiro caso de amor à primeira vista

O Colégio Stella, em Osasco, uma escola com 500 alunos e turmas da pré-escola ao colegial, resolveu inovar e adotou o Linux como sistema desde janeiro de 2000, deparando-se com um quadro bem interessante. A surpresa não foi constatar que uma mudança tão radical imporia uma adaptação dramática a professores e alunos, mas justamente o contrário. Os alunos comentavam que já "estavam cheios da mesmice" e, mostrando grande interesse, começaram a dar os primeiros passos usando o KDE e navegando na Internet com o Netscape. Tudo transcorreu sem resistência ou reclamações. O Linux foi aceito plenamente por todos, e esse é mais um dos "causos" que o pingüim, quando velho, contará aos seus netinhos.

As crianças da pré-escola deixaram boquiabertos os professores, que assistiam os pequenos fornecerem login e senha corretos, para depois passear na Web, visitando sites do Pokémon e outros de sua preferência. Os professores não esperavam que gente sem cultura anterior, em seus primeiros contatos com o computador, fosse ter uma relação tão amistosa com o Linux. Na área administrativa e nas turmas de supletivo, o StarOffice foi aceito sem dificuldade alguma, e na avaliação do responsável pela implantação, Marcelo Vargas Correa, toda a experiência foi e tem sido um sucesso. Agora ele se prepara para desenvolver os sistemas de controle da escola usando PHP e Postgres, pois após esse período de assimilação da nova cultura, todos querem se tornar totalmente independetes dos sistemas do passado.

Marcelo configurou o servidor, um Pentium 166 com 32 Mb de RAM, usando RedHat, enquanto as 15 estações do laboratório foram equipadas com Conectiva, e a estabilidade da instalação já despertou a aprovação de todos durante os primeiros dias. Muitos ficaram curiosos por usar um sistema absolutamente estável, com diversas interfaces gráficas, desktops completos, montanhas de aplicativos, sem aquela manutenção contínua, sem crashes constantes, de custo tão baixo, e endossaram as palavras que Marcelo usou para convencer a direção da escola ao adotar o novo sistema: "Com o Linux é instalar, configurar e esquecer".

Marcelo acha que a instalação e a configuração do Linux ainda são um tanto difíceis. Mas lembra que, quando os usuários constatam a economia que representa, tanto em licenças quanto em manutenção do sistema, quando percebem a quantidade de softwares pré-instalados, a profusão e qualidade dos aplicativos disponíveis na Web e começam a usá-lo no dia-a-dia e a se habituar a ele, aí a situação se inverte e a solução parece a mais fácil e óbvia.

"Lembro bem de um sistema de um dos meus clientes, desenvolvido em Cobol no tempo do DOS, e que era vital para a empresa, mas não se encontrava solução para rodá-lo no novo servidor que acabara de ser adquirido. Muitos especialistas em NT, cobrando uma fortuna de horas técnicas, se revezaram à exaustão para solucionar aquele grande enigma do universo, mas nada lograva sucesso. Perdi a paciência e, pedindo licença ao cliente, instalei o Linux e resolvi o assunto. Desse dia em diante nunca mais parei de recomendá-lo". Assim Marcelo vai contando histórias de mais de 10 anos de cultura Unix, começados quando era um funcionário de uma corretora de valores que usava o sistema QNX, instalado em um moderníssimo PC-XT com 640 Kb e oito terminais burros.

Alguns problemas corriqueiros dentro do laboratório de informática, como a deleção de arquivos vitais ao sistema, arquivos infectados baixados da Internet e quedas do sistema durante a aula, foram completamente estirpados para alívio dos diretores da escola Stella, que viviam à caça dos técnicos que prestavam manutenção para apagar os incêndios. Agora que os alunos e funcionários do Stella provaram que Linux não é "um bicho de sete cabeças", não cansam de explorar um sistema que não pára de apresentar novidades, em uma transição que agradou a todos.

Marcelo acredita que muitas outras escolas seguirão o exemplo do Stella na opção do software livre.

 

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