Chega de Papo
Roberto Alsina nasceu em Santa Fé na Argentina e cursou Matemática na Universidade Nacional. Usava computadores e programava por hobby mas, por necessidade econômica começou a administrar sistemas dentro da própria Universidade.
Um tempo depois terminou sendo contratado pelo centro que estava encarregado de instalar a primeira conexão com a Internet, e lhe foi entregue um CD com o Yggdrasil Linux para que ele o testasse, pois era muito mais barato que qualquer outra das alternativas. Bateu aquela paixão e Roberto nunca mais abandonou o Linux.
Roberto é bem conhecido na comunidade de desenvolvedores e desde 97 está no time do KDE, sendo o autor de alguns programas, como o leitor de notícias KRN, que faz parte do pacote kdenetwork e o front-end KFTE, do excelente editor FTE, e lamenta que ele não seja tão popular quanto acha que deveria. Ele também está envolvido com outros programas menores como o QtC, para o desenvolvimento de temas para Qt 1.x.
Alsina tem algumas responsabilidades burocráticas, sendo membro da KDE Free Qt e da KDE eV. Atualmente não está tão ativo no projeto quanto gostaria, mas crê que isso logo vai mudar. Enquanto aproveita o "descanso", continua seu trabalho de evangelização de usuários sofredores das outras plataformas.
Dos que acessam o CVS do KDE, ele é uma das 365 pessoas do time, mas admite que é difícil quantificar, porque muitos outros estão envolvidos com alguns programas em particular. Especula que o grupo esteja hoje entre 500 e 1500 pessoas, e falar sobre recursos torna a coisa mais nebulosa ainda, sendo que alguns são remunerados por empresas e outros trabalham nas suas horas de folga. Até há pouco, o desenvolvimento de recursos de rede era patrocinado pela Universidade de Luebeck, da Alemanha, e agora tem vindo muita ajuda da VA Systems.
Sobre a crítica que muitos fazem, tanto para o KDE quanto para o Gnome, de que sejam ambientes pesados demais, Alsina rebate que daqui a um tempo as máquinas serão mais rápidas, enquanto isso o time se empenha em otimizar a performance da nova versão, o KDE 2. Ele ressalta que o time hoje é muito mais experiente, que são melhores programadores que há 4 anos.
Sobre o panorama do Linux na Argentina, ele diz que ainda é embrionário e há muito mais curiosidade do que empenho em adotá-lo nas empresas, que ainda estão muito cautelosas, e sabe que ainda há muito a se fazer para vencer a imobilidade e o medo do novo. Alsina não acredita que o Linux vá um dia obter 90% do mercado, nem mesmo 60%, e diz que o panorama ainda está muito indefinido, mas acredita cegamente que o Linux veio para ficar. Aliás, Alsina não se empolga ou se deixa levar como outros que sempre pensam em termos de sistemas hegemônicos, e vê apenas que é preciso se oferecer cada vez mais alternativas populares, como o projeto do KOffice, que vê com bons olhos.
Embora concorde com Stallman sobre o teor da defesa dos conceitos mais amplos, confessa-se cansado da política, do debate interminável, e quer se concentrar apenas em continuar programando, em participar dos projetos nos quais está envolvido.