A empresa Bitway está oferecendo a sua linha de computadores BitStar, equipados com o processador Pen-tium 4 e voltados ao mercado doméstico, com o Linux já instalado. Recebemos uma unidade para avaliação, executamos alguns bench-marks e colocamos a máquina para trabalhar em tarefas do dia-a-dia. Será o BitStar capaz de sobreviver à expectativa gerada pelo nome Pentium 4? Veja a seguir nossas opiniões sobre a máquina.

 

O Hardware é baseado na placa mãe D850GBAL, produzida pela Intel e considerada como uma das melhores do mercado em sua categoria. O processador é o Pentium 4 de 1.2 GHZ, também da Intel, e uma placa de vídeo nVidia GeForce 2 provê os gráficos. O som é fornecido por uma placa PCI baseada no chipset Crystal Sound CS4281. Um Win-Modem HSP 56K MicroModem da PCTel faz parte do pacote que, estranhamente, não inclui uma placa de rede (periférico comum atualmente). Um drive de DVD de 12X e um HD de 20 GB completam o conjunto. Além destes itens, nosso equipamento veio com 128 MB de RAM, teclado, mouse, cabos, manuais, CDs de instalação e caixas de som.

A escolha de um WinModem pode parecer estranha pois, a princípio, o consenso geral é de que Win-Modems não funcionam no Linux. Na verdade, alguns modelos, como o incluso no microcom-putador da Bitway, são suportados e funcionam muito bem. As caixas de som, apesar de potentes, não são blindadas, e por isso distorcem a imagem no monitor quando ligadas e colocadas junto a ele. Além disso, conseguimos ouvir rádio nelas. Não, elas não vêm equipadas com sintonizador AM/FM. Nossa redação fica perto das torres de transmissão de três estações de rádio e a falta de blindagem nas caixas contribuiu para a captação da “interferência” das estações. Também achamos estranho o fato de o drive de DVD permanecer com o LED de acesso ligado permanentemente, mesmo não estando em uso.

 

Vários CDs acompanham o equipamento, desde drivers da placa-mãe até versões “trial” de utilitários an-ti-vírus, infelizmente todos para Win-dows. Um único CD contém software para Linux: o CD de instalação da distribuição usada pela Bitway, o Bit-Linux 1.2.

Baseado no Conectiva Linux 6.0 com personalizações realizadas pela Bitway, o BitLinux 1.2 é familiar a qual-quer pessoa que já usou o Linux. O sistema vem pré-instalado na máquina, com dois usuários já configurados (root e usuário) e um desktop baseado no QVWM pronto para ser usado. Entre os softwares já instalados na máquina encontram-se o StarOffice 5.2 em português, Netscape Navigator, Corel PhotoPaint, Real-Player 7, Acrobat Reader, o visua-lizador de imagens Photodex Com-pupic e o jogo de paciência Eric’s Ulti-mate Solitaire. Além disso, utilitários comuns no Linux, como o Licq, Ark, Gimp, GTK-See, KMail, KPPP e outros têm seus ícones no desktop, facilitando a vida do usuário de primeira viagem que, se não fosse pelos pingüins no fundo da tela, poderia pensar que está usando Windows, graças à extrema semelhança do QVWM com o sistema operacional da Microsoft.

A placa GeForce 2 já veio configurada para aceleração 3D, assim como o WinModem PCTel já vem con-figurado, pronto para o acesso à Internet. Estranhamos que, uma máquina onde há um drive de DVD de 12X, não possua nenhum “player” de DVD disponível. Talvez seja uma precaução da Bitway, preocupada com as possíveis implicações legais de distribuir um software que utiliza o al-go-ritmo de decriptação de vídeo DeCSS (presente na vasta maioria dos DVD Players para Linux e considerado de distribuição ilegal nos EUA).

A documentação que acompanha a máquina consiste dos manuais de cada placa (modem, vídeo, placa-mãe, etc.), o Manual de Instruções, que apresenta os cuidados básicos a serem tomados na instalação da máquina (mas que não explica o processo de instalação em detalhes suficientes ao usuário leigo) e o Tutorial BitLinux 1.0, que explica as operações básicas para o uso do sistema no dia-a-dia, como a configuração do Netscape, uso do StarOffice, como acessar disquetes e CDs, etc. O conteúdo do manual é suficiente para o usuário começar a dar seus primeiros passos, mas a parte gráfica, principalmente as imagens, poderia ser melhor. Embora tenham um bom tamanho, as imagens têm baixa definição, as cores estão “fora de registro”, como se diz no jargão gráfico, significando que elas estão desalinhadas nas imagens, tornando algumas delas, como o screen-shot da configuração do Netscape, praticamente ilegíveis.

 

Quando foi lançado, muito foi dito sobre o processador Pentium 4 da Intel. O fabricante exaltava a velocidade de seu novo processa-dor, enquanto muitos reclamavam de sua per-formance aquém do esperado, principalmente em relação ao Pen-tium III. Marketing e outras discussões à parte, a máquina da Bitway é rápida. Para medir seu desempenho, fizemos testes comparativos em tarefas comuns que exigem cálculos intensivos, como manipulação de imagens e encoding de MP3. Fizemos também testes de compilação, usando o kernel 2.4.2 e o emulador XMAME, versão 0.37B14-2, ambos programas “pesados”, que exigem bastante da máquina durante a compilação. A máquina usada para comparação foi nossa máquina de testes padrão, um AMD K6-2 450 MHZ com 64 MB de RAM. As duas máquinas rodavam exatamente a mesma distribuição, RedHat Linux 7.1, com Ximian Gnome 1.4 e as últimas atualizações da RedHat instaladas (veja quadro ao lado).

Em nossos testes a máquina se com-portou como esperado, com uma performance excelente. Além dos ben-chmarks, a usamos como um computador desktop comum durante cerca de uma semana. Você irá achar o StarOffice tão leve quanto o WordPad após rodá-lo em um Pen-tium 4 de 1.2 GHZ com 128 MB de RAM. Graças ao tremendo poder de processamento da máquina, conseguimos executar o StarOffice, ouvir músicas MP3 e compilar o kernel, simultaneamente, sempre mantendo um nível confortável de perfor-mance. Um sistema de desktop considerado “pe-sado” como o Ximian Gnome 1.4 com Nautilus, mostrou uma resposta aos comandos quase tão rápida quanto o IceWM de nossa máquina de testes. Jogos 3D, como o Quake 3 e o Descent 3, também tiveram excelente desempenho, graças ao poder de proces-samento da placa GeForce 2.

Somando todos os prós e contras, o Bitway BitStar é uma excelen-te máquina, e seu desempenho va-le o preço sugerido de cerca de três mil e novecentos reais. Obviamente há pontos que podem ser melhorados, como a documentação (e as caixas de som!), mas esperamos que modificações baseadas na opinião dos con-sumidores sejam incorporadas em futuras ver-sões do equipamento. À Bitway, nossos parabéns pela iniciativa de se tornar a primeira fabricante brasileira a fornecer equipamentos com o Li-nux pré-instalado.