O ano era 1969; Woodstock, a chegada do homem à Lua e o filme “2001 - Uma Odisséia no Espaço” mostravam um pouco da explosão de criatividade da época. Em uma pequena sala da “Bell Labs” um jovem executava um simulador de viagens espaciais. O sistema não funcionava muito bem e ele decidiu fazer alguma coisa. Esse jovem era Ken Thompson e junto com Dennis Ritchie resolveu o problema, criando um novo sistema operacional chamado UNIX. Anos mais tarde este sistema movimentaria uma indústria de bilhões de dólares.

O livro de Salus relata o nascimento do Unix, de suas filosofias e de inúmeros utilitários como o uucp, Sendmail e o vi. Fala também da criação do netnews e dos primeiros links intercontinentais para a troca de mensagens. Não faltam passagens como o nome dado ao programa “biff” e contas telefônicas astronômicas. Quem acredita que o desenvolvimento colaborativo começou com o Linux mudará de idéia depois de algumas páginas.

 

 

 

Quando perguntaram a Jon Maddog Hall o que achava deste livro, ele respondeu: “Que bom que alguém resolveu contar a história do Linux antes que a maioria acabasse esquecendo”.

Mesmo conhecendo grande parte da história do Linux e do Unix, Rebel Code foi uma grata surpresa. Temos a impressão de estar vivendo cada minuto da construção do Linux e de outras grandes ferramentas de código aberto. Dos primeiros testes realizados pelo Linus e das mensagens trocadas tarde da noite com Ted Ts’o, passando pelas primeiras distribuições e pela “batalha” entre o KDE e o Gnome, Moody, o autor do livro, consegue prender a nossa atenção e apresentar ilustres desconhecidos que, juntamente com o Linus, ajudaram a pavimentar a estrada do Código Aberto.

Os leitores que gostam de datas e de comparar épocas vão se deliciar. Quase todas as situações e histórias são acompanhadas das respectivas datas e das versões dos programas.

Depois de ler Rebel Code, dá até vontade de sair por aí escrevendo algum programa. Hmm, acho que está na hora de fazer um patch para o KDE suportar as teclas do Emacs :-)

 

 

 

Aos dez anos de idade ele já programava o Commodore VIC-20 do avô. Nascido na friorenta Finlândia, o menino que um dia esquentaria o mercado mundial da informática passava as madrugadas acordado, obcecado pelo computador. Então, aos 21 anos, insatisfeito com o MS-DOS, Linus Torvalds criou o Linux, a versão do Unix que representaria uma verdadeira ameaça à poderosíssima Microsoft Corporation e ao Windows. A odisséia de Linus Torvalds está no livro “Só por Prazer”, escrito pelo próprio Linus e por David Diamond.

“Só por Prazer” mostra as dificuldades que Linus superou, entre as quais a do sujeito oportunista que registrou como marca a palavra Linux. O livro narra como, ao concluir uma versão tosca do sistema opera-cio-nal, Linus anunciou na Internet que a sua criação estava disponível para download. Entretanto, o mais importante era o fato de o código-fonte ser aberto. Enfim, até hoje, qualquer um que entenda de programação pode modificar o Linux, acrescentar-lhe funções e detalhes, aperfeiçoá-lo.

Sem pompas bibliográficas, Linus também revela alguns dos principais segredos que fizeram o Linux explodir no mercado, alguns deles paradoxais: “Grande parte do sucesso do Linux pode ser atribuído às próprias falhas de personalidade: 1) sou preguiçoso; 2) gosto de receber crédito pelo trabalho dos outros”, afirma Torvalds.

O grande pecado desta edição brasileira é não ter tido uma revisão técnica adequada. A leitura não é comprometida, mas fará inúmeros leitores sentirem calafrios com os termos técnicos usados.