|
| |
Coluna do Augusto
Linux
Standard Base
Todos sabemos que o Linux é um sistema
operacional surgido do quarto de um estudante de computação fora do comum,
e que seguiu uma linha de desenvolvimento sui generis: programadores
espalhados pelo mundo criando o kernel, a interface gráfica, as aplicações,
e todos os demais componentes do sistema.
Diversos grupos e empresas diferentes
são encarregados de empacotar o sistema, cada um com sua própria visão
sobre quais as carac-terísticas certas. Após 10 anos, isto gerou um
conjunto de distribuições de Linux relativamente incompatíveis entre si,
dificultando a tarefa dos desenvolvedores de aplicações, dos consultores, e
até mesmo de quem escreve documentação.
Claro que a diversidade é boa. Todo
usuário tem total liberdade de optar pela distribuição mais de acordo com
os seus desejos e necessidades - ou de criar a sua própria, se preferir.
Entretanto, para que possa haver maior intercâmbio, precisamos ter uma base
comum, um padrão que as distribuições populares possam seguir e que todos
os demais membros da comunidade Linux pos-sam esperar encontrar em qualquer
instalação de Linux.
É a falta deste padrão que torna
difícil para produtores de aplicações (como o Kylix, por exemplo) suportar
a todas as distribuições - eles precisam escolher um conjunto que tenha
características em comum. Da mesma forma, você já viu a cara de um usuário
de Linux, com prática em Red Hat, ao descobrir que em outras distribuições
as configurações não ficam gravadas no diretório /etc/sysconfig, e
que não há um arquivo rc.local para incluir comandos de iniciali-zação?
Chega a ser triste - e antes que alguém comece a falar mal da Red Hat e
mude de assunto, o mesmo comentário se aplica a quem tem experiência com as
outras distribuições.
Claro que usuários realmente
experientes acabam sempre descobrindo onde as coisas estão escondidas - ou
desistem, e partem para uma reinstalação do que eles consideram “Linux de
verdade”. Mas isto não precisava ser assim, e há muito se luta por um
padrão conjunto das distribuições.
Escrevo esta coluna na semana em que
foi dado um grande passo em direção à solução deste problema: o lançamento
da versão 1.0 do Linux Standard Base (LSB). O padrão, que pode ser
encontrado em www.linuxbase.org, foi desenvolvido com participantes como os
projetos Debian, SuSE, Red Hat, Caldera, Metro Link, e Pacific HiTech, e o
apoio de Linus Tor-valds, como não poderia deixar de ser. Notou a ausência
do Slack-ware? Ele não consta no site, mas o seu criador, Patrick
Volker-ding, já declarou (em entrevista na RdL 10) algo que vindo de
qualquer outro usuário desta distribuição pareceria uma heresia: “O formato
RPM é o candidato mais provável [a ser adotado pelo Slackware], por ser um
formato universal de fato e porque o LSB provavelmente irá adotá-lo como
formato padrão, e queremos estar em conformidade já no lançamento do
padrão”.
A coisa não é bem assim: o LSB não
determina que as distribuições devem adotar o padrão RPM, mas sim que devem
suportá-lo por default - assim, o Slackware pode tranqüilamente continuar
sendo distribuído no conhecido formato TGZ, mas deve obrigatoriamente
permitir (sem configuração adicional) a instalação de pacotes no formato
adotado pelo LSB: o RPM. Da mesma forma, os scripts de inicia-lização devem
ter os nomes padronizados, deve haver uma shell padrão, bibliotecas padrão,
e assim por diante. As distribuições “podem” manter sua identidade, e ao
mesmo tempo suportar o LSB integralmente.
Mas se até o criador do Slack-ware está
disposto a adotar o formato RPM, podemos acreditar que todas as outras
distribuições toparão o desafio. Algumas já avisaram que nos próximos meses
deverão estar lançando versões incorporando as normas do LSB, outras já vêm
se adequando ao padrão há algum tempo. Um dos principais argumentos contra
o Linux cai por terra, e toda a comunidade sai ganhando.
As distros “podem” manter sua
identidade,
e ao mesmo tempo suportar
o LSB
| | |
|
|
|
|