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Serviço público
Pingüim no Sertão
A experiência de uma pequena cidade
cearense que adotou soluções
Linux na administração municipal e
chamou a atenção da mídia em todo o país
Dezoito mil pessoas de uma pequena
cidade no interior do Ceará, com grande dificulda-de na captação de
recursos, pois lá não existem indús-trias, vivem hoje uma situação de
extremo contraste: muito sol, escassos re-cursos hídri-cos e um pro-vedor
municipal de Inter-net wire-less! Interligando o hospital, centros de
saúde, escolas, secretarias mu-ni-cipais e provendo acesso Web aos
cidadãos, um ousado projeto baseado to-talmente em Linux vai espalhando
pequenas pa-ra-bólicas nos telhados das casas e oferecendo navegação em uma
banda de 11 Megabits, mes-mo para os distritos afastados a 25 Km do centro
da cidade.
Depois de adquirir uma pequena e barata
parabólica o munícípe pode contar com a assistência da prefeitura para
direcioná-la para uma das duas grandes parabólicas de 2.4 Gb, que por sua
vez estão voltadas para uma antena Omni de distribuição, a qual aponta para
uma grande torre da Telemar, para ter acesso imediato e gratuito à grande
rede mundial.
Poucos meses atrás, a realidade para
essas pessoas era bastante diferente diante das grandes distâncias ru-rais,
da inexistência de cabeamento fí-si-co até elas, como também de um pro--vedor
local, com poucos computadores nas residências e os da prefeitura sem
conexão em rede. Numa virada radical, usando Linux, StarOffice e uma rede
sem fio, foram interligadas secretarias e postos distantes, o que provocou
um choque nos costumes da cidade. Muitas novidades estão para ser
implantadas nos próximos meses, com destaque para as ilhas digitais, ou
centros públicos com diversas máquinas disponíveis para os que não tem
condições de adquiri-las. Toda a fase de implantação do projeto está bem
documentada no site da cidade, em www.solonopole.ce.gov.br.
Durante os quatro meses de discussão na
câmara de vereadores sobre a lei de adoção de software livre na cidade até
sua aprovação, apoiada por todos os partidos, foi contratada a empresa
paulista RCInfor para empreender uma análise da topografia da região
através de equipamentos GPS e que apontou qual hardware e tecno-logias
seriam adequados para a implantação do projeto do provedor municipal.
Logo a seguir, e em apenas 15 dias,
toda a infraestrutura estava em plena operação. Um sistema de rádio usando
a tecnologia Orinoco, da Lu-cent, foi a base física para a solução toda
feita em Linux, provendo acesso a todas as máquinas da cidade. Um sistema
de múltiplo acesso, com pro-xy, firewall, etc, foi doado ao município e,
como é uma ferramenta Linux de fácil administração, requereu apenas um
rápido treinamento de um único funcionário da prefeitura, Antônio Edeneu
Oliveira.
Ele é o responsável pelo site da
cidade, suporte interno, instalações em residências, treinamento para os fun-cionários,
e enquanto espera animadamente o desembarque iminente da ilhas digitais,
comenta que “aqui sou eu e eu cuidando de tudo no dia-a-dia, mas a coisa
está crescendo numa velocidade inesperada. Num próximo passo, queremos
integrar as aplicações em todas as secretarias e esperamos usar uma solução
como a do pacote Prefeitura Livre, do Rio Grande do Sul, que certamente vai
exigir novas contratações”.
Solonópole ganhou manchetes em jornais
de todo o país quando seu prefeito, Francisco Odorino Filho, do PSDB
cearense, noticiou que a bancada de vereadores do município tinha acabado
de aprovar por unanimidade uma lei de obrigatoriedade de uso de software
livre na administração pública. Computadores com acesso rápido e sem fio à
Internet inseridos em cenas rurais típicas do Nordeste brasileiro passaram
a compor uma nova pai-sagem, mostrando que vontade política e bom senso são
imprescindíveis para diminuir os abismos sociais e a exclusão digital.
leg 01 Sistema de rádio dá acesso à Net
leg 02 Prefeito Francisco Odorino Filho
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