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SuSE 8.2

Para esta análise do SuSE 8.2 Professional, tive a oportunidade de receber os 5 CDs semanas antes do lançamento oficial no Brasil. Utilizei como máquina de testes um notebook equipado com um processador Intel Pentium 4 de 1.8 GHZ, 256 MB de RAM, placa de vídeo S3 SuperSavage, placa de rede Intel EtherExpress PRO/100 VE, placa de som Intel 8280 AC97, um HD de 20 GB, um gravador de CD e leitor de DVD, mouse USB e uma câmera digital Pencam Trio USB - tudo foi detectado e configurado automaticamente pelo sistema.

A instalação

Comecei pelo óbvio: inserir o CD número 1 e ligar o computador. O programa de instalação não mudou muito desde a versão 8.1, mas está muito mais bonito, com o tema Keramik e fontes mais suaves. O instalador usou completamente a resolução do monitor, deixando tudo bem amplo e organizado.

A seleção de idioma inclui duas versões de português: a européia e a brasileira. Selecionei a nossa língua pátria e (ao contrário do que ocorria com o 8.1) fui brindado com um programa de instalação muito bem traduzido. Há pequenas falhas aqui e ali, mas nada que comprometa, inclusive nos textos de orientação e ajuda. Quanto ao teclado, há opções para os dois modelos mais comuns no Brasil: ABNT2 e US-acentos (ou "americano internacional"), mas atenção: a SuSE os chamou por nomes diferentes: ~SPortuguês (Brasil)~T e ~SPortuguês (Brasil - acentuação US)~T.

A aparência da tela de seleções é a de uma página da web, com links que permitem alterar as sugestões de modo de instalação (nova ou upgrade), tipo de teclado, mouse, particionamento , conjunto de pacotes a instalar, gerenciador de boot e fuso horário.

O modelo de teclado e o fuso horário foram sugeridos corretamente pelo instalador. O mouse USB também foi detectado automaticamente, e o particionamento sugerido foi típico de estações de trabalho.

O conjunto de software sugerido foi bastante amplo, e o gerenciador de boot foi o GRUB (mas pode-se optar facilmente pelo Lilo), com boot default do Linux e opcional do Windows XP, que estava instalado em outra partição.

Se você não aceitar a sugestão do instalador, a escolha dos pacotes a instalar pode ser trabalhosa - são mais de 2000 opções! Mas a SuSE simplifica a tarefa oferecendo grupos pré-selecionados bastante práticos.

Confirmei minhas opções, e o sistema começou a particionar, formatar e instalar pacotes, enquanto exibia imagens e descritivos de diversas aplicações. Ao final dos CDs, o sistema me orientou, enquanto eu informava uma senha para o usuário root e configurava a rede (que foi detectada automaticamente).

Neste ponto, ocorre algo interessante: o instalador permite atualização de pacotes via Internet. Aceitei uma série de atualizações e mais o pacote de fontes TrueType básicas. A partir daí, há uma seqüência final, incluindo a configuração opcional de hardware (placas de vídeo, impressoras, modem, som e placas de sintonia de TV). Minhas placas de som e de vídeo foram detectadas e configuradas automaticamente, e eu não possuía nenhum dos demais itens.

De modo geral, a instalação é bastante similar à da versão 8.1, com melhorias substanciais da tradução. Continuo gostando do enfoque da SuSE de incluir todas as opções básicas de instalação em uma mesma tela que lembra uma home page, incluindo sugestões comuns para todos os itens - todo usuário sabe lidar com este tipo de interface, e os usuários avançados não têm dificuldade em adaptar as sugestões.

O sistema instalado

O ambiente de trabalho é simples, azul e bonito, com ícones básicos: Home, CD-R, C (que dá acesso a uma partição do Windows previamente instalada), Still Camera, Support, OpenOffice, Printer, SuSE (acesso à documentação) e drive de disquete.

O ícone Still Camera acessou as fotos da memória da câmera digital como se ela fosse um disco rígido. Fiquei impressionado, porque a câmera não foi nem ao menos mencionada durante a instalação e configuração do sistema.

Os botões do Kicker também são básicos, incluindo Kmail, pastas de documentos, Konsole, Konqueror e Ajuda. Os menus do KDE também são uma grande evolução em relação ao 8.1 - simples e organizados: Desenvolvimento, Escritório, Internet... Os aplicativos do GNOME e do KDE estão misturados sem distinção, o que é ótimo.

Testei uma série de aplicativos com sucesso. As planilhas do Gnumeric são bastante usáveis, assim como os textos do AbiWord, mas com o OpenOffice dá para fazer trabalhos bem mais completos, incluindo recursos que já fogem ao trivial - gráficos, formatações complexas... Só que os dois primeiros possuem versão em Português, enquanto que o último está só em inglês. O Konqueror abriu até sites com animações complexas em Flash, o Kopete permitiu conversar via ICQ, ouvi MP3, assisti a filmes MPEG e até a um DVD - tudo fácil e acessível.

A grande crítica em relação ao desktop é o idioma: mesmo tendo selecionado o idioma Português Brasileiro na instalação, o KDE vem configurado para idioma, moeda e formato de data de Portugal. O pacote de suporte ao nosso idioma (kde3-i18n-pt_BR) está nos CDs, mas tem que ser instalado pelo próprio usuário e depois ativado no Centro de Controle. Não encontrei aviso sobre isso no sistema ou nos manuais. E já vi usuários de SuSE passarem meses com o idioma europeu por não saberem que há a alternativa no CD. Não esqueça de instalar também o dicionário português para o StarOffice!

Para completar os testes do ambiente, encerrei a sessão do KDE e abri uma do GNOME. Encontrei um belo ambiente de trabalho, bem configurado e light, quase todo em inglês. Belas fontes, belos ícones, menus organizados... Os usuários de GNOME não vão se sentir abandonados pela SuSE como no passado.

Configuração, manuais e servidores

As observações acima se referem principalmente às instalações em ambiente desktop. Entretanto, o SuSE também se destaca como servidor. Há software para praticamente todos os serviços de rede disponíveis no mundo do Software Livre, com requintes como a configuração automática de antivírus nos servidores de e-mail. Os pacotes são fornecidos com documentação adequada e configurações default bastante coerentes.

Cópias dos manuais vêm gravadas nos CDs e incluem capítulos detalhados sobre diversos serviços de rede, além de tópicos sobre o kernel, distribuição dos arquivos no disco, configuração de rede, acesso à Internet, aplicações, ergonomia e muito mais.

A ferramenta de configuração YaST2 continua completa, sólida e simples de usar. Algumas das ferramentas que me chamaram a atenção foram a facilidade na configuração dos diversos clientes de rede, o poder ainda maior do PowerTweak, o editor das entradas do /etc/sysconfig, o editor de processos de cada runlevel, as ferramentas de backup, restore, configuração de LVM e o particionador.

Para usuários de versões anteriores, o upgrade é recomendado principalmente pelas atualizações, e não propriamente por novidades. Continuo considerando o SuSE uma excelente opção para usuários experientes. Usuários iniciantes para os quais a documentação em inglês não seja um obstáculo também podem se beneficiar, até mesmo porque a instalação é fácil e toda em português, e não é muito difícil converter o sistema instalado para o nosso idioma.

Embora não existam imagens ISO oficiais para download, a SuSE estimula a instalação via Internet (existem tutoriais na Internet) e oferece também a imagem ISO de um CD de demonstração para quem quiser ver qual é a "cara" do sistema.

Aliás, houve bastante progresso no suporte ao português brasileiro, e a representante brasileira da SuSE oferece uma série de serviços, principalmente para usuários corporativos, em seu site www.suse-brasil.com.br. Com sorte, até a data da publicação desta análise eles já terão publicado até documentação específica sobre a conversão do KDE ao português brasileiro.

Perfil do SuSE 8.2 Professional

O pacote é composto por cinco CDs, dois DVDs, dois manuais e um pôster de instalação. O sistema tem como base o kernel 2.4.20, XFree86 4.3, KDE 3.1, GNOME 2.2, GCC 3.3 (pré-release), Java 1.4.1, Apache 2.0.40 e 1.3.20 e OpenOffice.org 1.0.2. Há suporte a atualizações de sistema on-line, ao idioma português brasileiro e à detecção automática de hardware.


Augusto Campos - brain@matrix.com.br


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