Projeto SW Livre PR é lançado
Governo do Paraná vai usar software livre na rede interna de informática e promete repetir a experiência bem sucedida do Rio Grande do Sul.
O Governo do Paraná lançou no final de maio, em Curitiba, o programa de software livre que está sendo introduzido em toda a rede de instituições estaduais. Com a incorporação dessa tecnologia no sistema de informática, o Estado vai economizar com o pagamento de royalties e taxas de licenciamentos para uso de softwares. O Estado fica desobrigado de comprar as licenças para uso dos programas de informática e não precisa mais substituí-los a cada dois anos, como acontece atualmente.
Para se ter uma idéia do alcance econômico dessa iniciativa, o Brasil envia para o exterior o equivalente a US$ 2,5 bilhões por ano só com a compra de licenças de software por parte do governo federal, governos estaduais e municipais. "Com o uso do software livre, o estado brasileiro pode economizar 50% desse gasto", disse o presidente da Companhia de Informática do Paraná (Celepar), Marcus Vinicius Ferreira Mazoni.
Outra economia decorrente desse sistema é com a redução dos investimentos freqüentes com a evolução das máquinas. A estimativa que se faz é que o controle da tecnologia da informação vai permitir uma economia de 30% com a redução da necessidade de renovar as máquinas, quando as grandes empresas de informática mundiais decidem que um equipamento deve se tornar obsoleto.
No Paraná, a economia projetada com o uso de software livre será enorme. Segundo estimativa da Celepar, só com a implantação do sistema Linux na rede escolar do Estado, a economia será de US$ 60 milhões. Além disso, para cada sete mil contas no Lotus Notes, sistema de correio eletrônico utilizado pelo Governo do Estado e órgãos governamentais, a economia esperada é de R$ 7 milhões. O sistema tem 20 mil usuários e pretende expandir esse sistema para demais entidades da sociedade civil do Estado.
Estima-se ainda uma economia de R$ 800 a R$ 1.300 por máquina, com a utilização de ferramentas disponíveis em softwares como o OpenOffice, que pode ser disponibilizado também para milhares de escritórios em todo o País. Esse programa será utilizado no sistema escolar do Paraná. "A economia total será muito maior se ela for calculada por projeto desenvolvido sem a necessidade de pagar taxas de licenciamento", disse Mazoni.
Inicialmente, o software livre vai articular o trabalho gerado pelas entidades do governo, pelas universidades estaduais, federal e da rede privada existente no Paraná, além de entidades sindicais. Mas o objetivo é que essa ferramenta seja disponibilizada também para as corporações empresariais.
Com o uso do software livre, o Governo do Paraná vai disponibilizar o acesso das instituições a códigos de programas que permitem identificar como eles foram elaborados. A partir disso, as entidades poderão reproduzir esse software livremente e ainda poderão alterar algumas características destes programas, desenvolvendo uma inteligência tecnológica própria, sem dependências.
O programa vai permitir ainda o resgate de máquinas que estão sucateadas nas residências e escritórios. Segundo Mazoni, o software livre pode ser perfeitamente adaptado a máquinas com processadores 386 e 486, que já foram colocadas em desuso porque não apresentam capacidade para executar os programas lançados atualmente no mercado da informática. A projeção da Celepar é que essas máquinas antigas podem ser otimizadas em pelo menos mais 30% com o uso do software livre. "Para se ter uma idéia do alcance desse programa, a Bolsa de Valores de Nova Iorque substituiu todo o sistema de software 'proprietário' para o sistema Linux", disse Mazoni.
Segundo o presidente da Celepar, a página do Governo do Paraná na Internet, através do endereço eletrônico www.pr.gov.br já roda com software livre. No lançamento do programa, o Governo vai utilizar como símbolo a figura da gralha azul, um dos símbolos do Estado do Paraná.
Evento reúne profissionais de informática em Curitiba
O Projeto Software Livre Paraná tem como objetivo estimular o uso de alternativas tecnológicas de informática. O governo paranaense lançou o projeto no final do mês de maio, com um evento em Curitiba, ao qual compareceram responsáveis pela informática dos governos federal, estadual e municipais, profissionais liberais e empregados, empresários e usuários do Estado do Paraná. O deputado federal Walter Pinheiro (PT-BA), criador do projeto de lei do Software Livre para a administração pública federal, falou sobre as leis de software, e o presidente da Celepar, Marcos Vinicius Mazoni, proferiu palestra sobre a experiência brasileira com software livre e a utilização de ferramentas livres pela administração pública. Djalma Valois, diretor da FENADADOS e da CIPSGA - Comitê de Incentivo ao Uso do Software Livre, GNU e Alternativo, faz um relato da história do Movimento de Software Livre. A Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), através do superintendente de Informática e Informações da empresa, Antonio Carlos Morozowski, fez uma exposição dos projetos de implantação do OpenOffice que, recentemente, foram mostrados na Revista do Linux. O professor da UFPR, Marcos Sunye, proferiu uma palestra com o tema "Treinamento em Linux". O Linux veio ao Paraná para ficar, e se depender do esforço de Mazoni frente à Celepar para implantar a cultura do software livre no estado, a experiência bem-sucedida no Rio Grande do Sul vai se repetir.
"Paranavegar" é a proposta para inclusão digital
O Governo do Paraná lançou sua política de inclusão digital com a inauguração do telecentro de Ventania, Região Central do Estado, em maio, aniversário da cidade. "Paranavegar" é o nome do projeto de governo eletrônico do Paraná, que também batiza os telecentros. A política de inclusão digital é parte integrante da política de governo eletrônico. ~SA inclusão digital é um dos elementos de inclusão social e não uma política isolada~T, afirmou o Secretário especial para Assuntos Estratégicos, Nizan Pereira. Por isso as cidades prioritárias para a instalação de telecentros são as com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paraná .
O secretário pontuou também a diferença do programa de inclusão digital do governo anterior e a atual política: "Ao invés de ensinar a usar o computador e a internet e depois dar apenas um certificado de um curso de informática de três horas, preferimos deixar os equipamentos à disposição da população para que as novas tecnologias da informação façam parte do dia-a-dia da população de baixa renda, como faz parte da de classe média. É assim que se reduzem as diferenças", argumentou.
A opção por software livre também faz parte desta solução. Os pacotes de programas de escritório, editores de texto, planilha, correio eletrônico e navegador de internet em software livre são mais apropriados para uma política pública. Enquanto programas que dominam o mercado, que não são livres, privilegiam máquinas com grande capacidade de processamento, as opções livres são mais baratas e não comprometem o desempenho das máquinas.
Outra novidade que integra a nova política estadual de informática é a administração dos telecentros em conjunto com a comunidade através de um comitê gestor que tem a participação do governo do Estado e dos municípios. Depois de consolidado o sistema e do treinamento dos usuários, as comunidades poderão gerir o telecentro.
Segundo Márcia Schüler, assessora de Tecnologia da Informação da Celepar, os telecentros, entre outras coisas, universalizam o governo eletrônico. "Os telecentros dão condições de igualdade para as classes sociais menos abastadas", conclui.
Das assessorias