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Pingüim engravatado

O Linux Forum, realizado em maio passado em três capitais brasileiras, deixa evidente que as apostas sobre o futuro do Linux se concentram nas aplicações corporativas

"Reduzir custos já é um bom motivo. Conheça os outros~T. Com esse lema, o Linux Forum reuniu representantes da área de Tecnologia da Informação (TI) de empresas públicas e privadas. Especialistas de empresas de grande porte, como IBM, Intersystems, Cyclades, Conectiva, SuSE e Computer Associates, apresentaram as novidades na área de software livre, em São Paulo, Brasília e Porto Alegre, cidades onde o fórum foi realizado. De fato, não faltaram motivos para considerar a idéia de trabalhar com software livre. "A profissionalização do mercado com a concentração em poucas distribuições está impondo a disciplina, confiança e estabilidade necessárias para que o Linux possa atuar com desenvoltura no mainstream corporativo~T, diz Cezar Taurion, da Business Consulting Services da IBM.

Dentre os motivos apontados pela IBM que levam os CIOs a migrar seus sistemas, total ou parcialmente para o Linux, estão a redução do TCO, as transições relativamente simples, a crescente adoção de arquiteturas J2EE (thin client - server intensive) e a liberação da dependência com os fornecedores e dos sistemas proprietários. "O processo de desenvolvimento do software livre pelo método científico é o mais adequado para software de infra-estrutura e pouco viável em aplicações de nicho", pondera Taurion. Ele lembra que alguns cuidados devem ser seguidos para que a experiência da migração não se transforme em uma sucessão de equívocos. ~SPor exemplo, a decisão da troca do MS-Office deve ser separada da troca do sistema operacional~T, afirma. Outro fator importante apontado por Taurion é quanto ao mito de que software livre é gratuito. ~STodas as versões suportadas não são grátis, grátis é o download, mas a maioria das empresas não se sentiria confortável em depender de downloads sem suporte~T.

O ciclo de adoção do Linux, hoje, é predominante nas transações de médio volume, mas, futuramente, terá grande importância naquelas de grande volume. A previsão é da própria IBM, após constatar a profissionalização do suporte e o apoio cada vez maior das empresas de TI a partir da demanda do próprio mercado que quer ver o Linux como uma realidade nas empresas. "O Linux está 'no ponto' para a utilização nos data centers", revela Taurion. Manter as instalações e configurações sob controle e considerar o Linux como software comercial são alguns conselhos da ~Sbig blue~T. ~SPadronize as versões do Linux, o seu hardware e as ferramentas de apoio e suporte e desenvolva um plano de migração gradual e controlado~T, sugere.

O Forum teve também um debate, mediado pelo diretor de Operações da Cyclades Brasil, Rodolfo Gobbi, e que teve a participação de Taurion e do diretor de Estratégia do E-Consulting Corp, Daniel Domeneghetti. Eles discutiram as tendências de mercado, as formas de suporte e dos tipos de certificação. "Para as grandes empresas, a certificação específica para cada distro é fundamental, enquanto que para as pequenas e médias empresas, certificações mais 'genéricas' são mais recomendáveis para o seu corpo técnico", afirma Gobbi.

O gerente de Tecnologia da InterSystems do Brasil, Rochael Ribeiro Filho, mostrou os conceitos dos bancos de dados pós-relacionais para desenvolvimento de aplicações para web e cliente/servidor. "O desenvolvimento em nossa solução Caché é rápido e pode ser feito em um ambiente de fácil utilização em várias plataformas, como Windows, Linux, Sun Solaris e outras", diz. A empresa de medicina de grupo Assim, do Rio de Janeiro, é uma das empresas que usam o Caché com Linux, sendo que a Revista do Linux publicou com exclusividade um estudo de caso dessa experiência bem sucedida.

A Computer Associates (CA) também mostrou seus projetos com o Linux durante o evento. O consultor da empresa, Rogério Sachett, revelou detalhes das ações da empresa em torno de softwares livres. "O CA Linux Technology Group é uma nova organização que formaliza os esforços da empresa com Linux e oferece soluções integradas com todas as marcas para a área corporativa, como conectividade, banco de dados, gerenciamento de segurança e de armazenamento", explica Sachett.

Uma das palestras mais interessantes, sem dúvida, foi a do gerente de Informática da Serasa, Shie Chen Fang. Havia muita curiosidade em saber como a instituição - que tem um banco de dados gigantesco - se beneficiou com a adoção de ferramentas livres. Ele mostrou que o processo foi gradual e seguro, começando em 2000. Em 2001, foi efetuada a troca de servidores MQ Series da Sun, rodando Solaris, para sistemas Linux em arquitetura Intel. Em 2002, foi implantado DB2 em Linux para o Datawarehouse Serasa e Domino em Linux para certificação digital. "Nossos próximos objetivos são a implementação de workstations Linux, trabalhar com plataforma Intel Itanium 64 e EDS", revela.

Alta disponibilidade, desempenho, custos de hardware/software e segurança são alguns dos motivos que fizeram da experiência da Serasa com o Linux ser tão bem sucedida. "No entanto, é preciso ter atenção com suporte, obtenção de conhecimento e desenvolvimento em software livre, além do fato de existirem softwares sem versões para Linux", alerta Fang.

O diretor de Marketing e Vendas da GetNet Comunicações, Lúcio Baldacci, falou das vantagens do Linux na área de infra-estrutura. Ele apresentou o desktop do SuSE Linux rodando o MS-Office por meio do aplicativo Wine. "O Linux veio para ficar, porque é um modelo híbrido de organização social e organização de mercado", destaca. Para Baldacci, a utilização do Linux em missão crítica oferece maior retorno financeiro e, em ações de infra-estrutura, menor impacto operacional. ~SAs empresas interessadas em desenvolver ações com softwares livres devem fazer parcerias com os fornecedores Linux~T, recomenda.

O Linux Forum 2003 serviu para mostrar o quanto o pingüim está amadurecido para o mundo corporativo e, no Brasil, não é muito diferente, pois a distância tecnológica entre o nosso país e as nações mais desenvolvidas praticamente não existe mais. A presença cada vez maior de representantes de empresas públicas e privadas nos eventos de softwares livres somente reforça a vocação do pingüim para a área corporativa.

Linux na Serasa

Veja em quais áreas da Serasa o Linux já é uma realidade:

  • Site institucional: migração do IIS para Linux atendendo a área de segurança da Serasa.
  • Socket e https: outros meios de acesso TCP/IP para consulta Serasa (extranet).
  • EDI: usado para "file transfer" de arquivos entre Linux e mainframe IBM para processo DW
  • EAI: usado para integração de aplicativos (conversão de arquivo, XML, etc.).

    Rodrigo Asturian - asturian@RevistaDoLinux.com.br


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