Opinião
Linux: livre, porém comercial
Quando comparado ao modelo tradicional de software comercial (licenciamento), o Linux, devido ao seu baixo custo inicial, tornou-se rapidamente popular. O usuário pode instalar o software em um computador e replicá-lo para milhares de outros, sem custos adicionais de novas licenças.
Entretanto, o Linux iniciou sua carreira na maioria das organizações como solução tática, muitas vezes sem aprovação ou suporte formal do TI corporativo. Seus primeiros adeptos foram as famosas tribos, que romanticamente debatem questões de software gratuito e odeiam Bill Gates. Neste contexto, o ambiente empresarial ficou reativo. Software grátis, sem um responsável final, não é um conceito facilmente aceito pelos executivos das grandes corporações. Neste cenário, as tarefas do Linux no âmbito corporativo ficaram limitadas a funções de firewall, servidores de arquivos, e-mail e impressora, bem como Web Server.
Nos últimos anos, o Linux começou a se profissionalizar através da concentração em poucos, mas sólidos, distribuidores e do comprometimento dos principais agentes do mercado de TI, como a IBM. Estas empresas, por sua vez, acabam impondo parâmetros de disciplina, estabilidade e confiança, absolutamente necessários para que o sistema seja aceito no conservador meio corporativo. O resultado é que começamos a ver o Linux como parte integrante das estratégias de TI de muitas organizações.
Hoje o Linux já está ultrapassando o modismo e começa a ser usado de maneira mais abrangente em muitas empresas. O sistema já é uma idéia aceita pela maioria dos CIO's, que compreendem que, com este ambiente, é possível obter níveis de escalabilidade, segurança e confiabilidade, antes encontrados somente nos caros sistemas Unix RISC, agora em máquinas de preço Intel. À medida que mais fornecedores de soluções ERP, CRM e BI utilizam o Linux, com certeza veremos a curva de adoção acelerar, com utilização em ambientes transacionais de alto volume e mesmo em substituição de sistemas legados.
Estudos voltados a demonstrar as reduções de custo, como os business cases, devem ser baseados em critérios específicos e adequados à organização e não apenas em números citados na mídia ou prospectos comerciais. A redução de custos depende de uma série de fatores, únicos em cada empresa, como nível de distribuição e gestão do ambiente tecnológico (modelo de governança), o grau de complexidade das aplicações que serão usadas no Linux, a migração do ambiente legado (uma migração de Unix é mais simples e rápida que uma migração de Windows), as eventuais licenças de software que podem ser eliminadas ou diminuídas com a adoção de produtos de código aberto equivalentes, e assim por diante.
Adotar o Linux em uma empresa implica em um processo de transição gerenciado, que inclui um planejamento de migração. Assim, devemos considerar o Linux como um software comercial e, portanto, os critérios de escolha do distribuidor devem obedecer aos critérios que usamos tradicionalmente na escolha de um fornecedor de software. Além disso, as instalações e configurações devem ser mantidas sob controle e as versões Linux padronizadas.
Software grátis, sem um responsável final, não é um conceito facilmente aceito pelos executivos das grandes corporações
Cezar Taurion - ctaurion@br.ibm.com
É consultor da IBM Business Consulting Services